23 de março de 2006

Tomarenses não resistem à tentação do crédito

"Compre já, pague depois”, anuncia o cartaz estrategicamente colocado ao lado do televisor plasma de 80 cm num hipermercado de Tomar. Os portugueses são cada vez mais tentados pelo crédito e os tomarenses não são excepção.
Já vai para mais de oito meses que o saldo de conta de Ana Maria (nome fictício) é negativo. É rara a noite de sono descansado que esta mulher de 31 anos, mãe de um bebé de seis meses, consegue ter. Não por causa do bebé, que até é um anjinho a dormir, mas por causa das contas que tem e que se vê aflita para pagar. “Tudo começou quando recebi em casa uma carta publicitária duma agência de crédito... na altura necessitava de comprar as coisinhas para o quarto de bebé e então decidi fazer um crédito de 500 euros”, contou ao nosso jornal. “Se soubesse o que sei hoje tinha pedido dinheiro a alguém e comprava umas mobílias mais baratinhas”, refere.
(reportagem integral na edição 900)
“Tomar é espelho do país inteiro”

José Pontes é consultor da Loja Financeira de Tomar desde Novembro. Esta empresa ajuda as pessoas que querem renegociar os seus créditos junto das instituições credoras, tentando encontrar a melhor solução para cada caso.


As pessoas que vêm à Loja Financeira estão, de certo modo, desesperadas com a sua situação?
Desesperadas não, mas estão numa situação complicada. Também temos clientes que estão em plena situação económica e que vêm aqui porque vão comprar casa - uma vez que sabem que a Loja Económica representa alguma instituições de crédito - isto para saber qual a melhor para o seu caso. Mas de grosso modo são pessoas que já tem quatro ou cinco prestações e que querem refazer os seus créditos de modo a terem um melhor retorno do seu vencimento mensal.
A mudança da moeda foi também trágica para todas as famílias. As pessoas não dão valor que a moeda merece e quase que esbanjam os trocos... Tenho casos em que sai daqui bastante perturbado, que tocam bastante. Ás vezes é difícil separarmos o factor humano do material. Tomar é espelho do que é o país inteiro.

Que conselhos normalmente dá ?

As pessoas devem ver onde se vão meter e analisar as condições do crédito. O mal, volto a insistir, está na remuneração das pessoas que é parca, singular e pequena. A economia só se dinamiza se as pessoas que “estão abaixo do nível de água” tiverem uma vida razoável. Além disso, acho que Tomar é uma cidade muito cara, onde se pagam muitas taxas e impostos. Ñão é fácil para um casal comum vingar aqui... Tem que ter determinado solidez financeira. Depois, aconselho sempre às pessoas cujo crédito foi renegociado para ter cuidado daí para a frente e não darem um passo maior que a perna.
(entrevista completa na edição 900)

Sem comentários: