22 de março de 2007

90 anos a tocar acordeon


Francisco dos Santos “Cuco” tem 94 anos e aprendeu a tocar acordeon aos três. Tornou-se mestre e afinador de acordeons, instrumento a que se dedicou ao longo de toda a sua vida e pelo qual nutre uma grande paixão.

O homem que encontrámos sentado num banco no interior da Casa de Instrumentos Musicais, também conhecida como “Casa Cuco”, localizada na Av. Dr. Egas Moniz, nas imediações da Fábrica da Fiação, em Tomar, não aparenta a idade que tem: 94 anos. Bem-falante e impecavelmente vestido, Francisco dos Santos “Cuco” é um hino à lucidez.
Francisco “Cuco”, apelido que herdou dos pais, nasceu no Carrascal, perto do Alvito, na freguesia de Santa Maria dos Olivais. “Os meus pais já tinham este apelido, nome de um pássaro, e os filhos ficaram com o mesmo apelido”, explicou. Foi bem cedo que se familiarizou com o mundo do acordeon. “Foi um tio meu, que tocava numa azenha no Rio Zêzere, é que me ensinou a tocar e a arranjar acordeons”, contou ao nosso jornal. “O meu tio era afinador e, como eu estava com ele todos os dias e fui aprendendo”, continuou num discurso fluente.
Francisco dos Santos foi o primeiro em Tomar a abrir uma loja de instrumentos musicais, há mais de 70 anos. “Primeiro abri aqui uma loja aqui em cima, depois aluguei outra perto da Nabantina, depois outra perto da ponte nova e há 35 anos que estou aqui nesta rua”, explicou. Anos de muito trabalho em que vendia, arranjava e montava acordeon, arte que aprendeu com uns especialistas italianos. Pelo meio ainda arranjava tempo para dar lições a quem tivesse gosto para aprender. Para além do acordeon – que ainda hoje toca como pudemos observar – Francisco Cuco também sabe tocar órgão.
O seu filho, António, de 53 anos, tem muito orgulho no pai: “Não é por seu meu pai mas é uma homem que tem muito valor”, atesta ao nosso jornal. António dos Santos contou ao nosso jornal que o pai chegava a vir de Ferreira do Zêzere a Tomar de bicicleta “sem pôr as mãos no volante” e a tocar concertina., tal como atesta a foto que está afixada na parede da loja e que nos mostrou. “O meu pai era digno de ir à televisão porque ainda toca acordeon com a idade que tem”, salienta.

Trabalho integral publicado na edição n.º 952 d' O Templário

Edição n.º 952

16 de março de 2007

Mãe – coragem dá vida pelo filho


Ana Antunes escreve aos 23 anos a passagem mais delicada da sua jovem vida. Prepara-se para doar parte do fígado ao seu filho David, de 8 meses, a quem foi diagnosticada uma cirrose hepática. É a única maneira de salvar o seu menino. Uma história comovente que se passa numa aldeia do concelho de Ferreira do Zêzere.

Foi na pequena aldeia de Alqueidão de Santo Amaro que encontrámos Ana Antunes, a mãe que amanhã, 16 de Março, vai ser internada no Hospital Pediátrico da Universidade de Coimbra para submeter-se a uma delicada intervenção cirúrgica que vai salvar a vida do filho de apenas oito meses. Ana, de 23 anos, prepara-se para doar parte do fígado, um órgão que acabará por se regenerar naturalmente, para tratar a cirrose hepática de que sofre o bebé que deu à luz a 20 de Junho de 2005, depois de várias horas de trabalho de parto.

Trabalho integral na edição n.º 951

Edição n.º 951

13 de março de 2007