31 de agosto de 2005

Revolta no Centro de Formação de Tomar

“Queremos sair, queremos sair…”, gritavam os cerca de 70 formandos do Centro de Formação Profissional na manifestação que realizaram na passada terça-feira, dia 30, pelas 13H30. Os alunos contestavam as regras da nova directora do Centro de Formação, Lucília Vieira. Na portaria o aviso é claro: “Comunicação Interna: Os formandos devem permanecer no Centro durante o período diário de Formação. Se houver saída antecipada, não haverá reentrada”.

Todos os pormenores na próxima edição do Jornal O Templário

29 de agosto de 2005

Chamas consomem 1000 hectares

Chego a Vendas do Rijo, Olalhas, por volta das 19H00. Perante o cenário que vejo já pouco me ocorre dizer ou perguntar. Duas horas antes tinha passado perto daquele mesmo local para fazer um trabalho sobre o incêndio de sábado, o maior do ano ocorrido no concelho de Tomar, segundo Manuel Mendes, comandante dos bombeiros municipais da cidade, e não havia sinais para alarme. Puro engano.
Segunda-feira, 22 de Agosto. 18h50. A sirene dos bombeiros volta a tocar. Mais uma vez. Depois de um fim-de-semana verdadeiramente desgastante para os bombeiros – estiveram a combater as chamas que devastaram cinco freguesias – ainda não é hoje que os bombeiros podem descansar. Na localidade de Vendas do Rijo, a estrada para Ferreira de Zêzere está cortada, estão muitos carros parados à beira da estrada a olhar para os habitantes que, em cuidados, molham os telhados e os jardins. Há gente a correr, a chorar e a reclamar. Numa situação em que as pessoas vêm o seu tecto ameaçado pelo fogo calma é algo que não se pode exigir. O céu está negro, parece noite, está muito, muito vento e cai uma chuva de cinzas e faúlhas. A certa altura, o fumo começa a adensar-se e as chamas aproximam-se do local onde me encontro. O bom-senso indica-me: está na hora de abandonar o local. No local estiveram 37 bombeiros e oito veículos de combate.

“Cada um teve que acudir aquilo que era seu”
Duas horas antes, estive à conversa com Tomé Esgueira (na foto), presidente da Junta de Freguesia das Olalhas, residente nas Aboboreiras, localidade que no sábado à tarde viveu momentos de terror.
“De toda a freguesia, a localidade das Aboboreiras foi a mais martirizada”, confirmou a “O Templário”. Também ele viu a sua casa quase a ser devorada pelas chamas. “Na altura os bombeiros ainda não estavam aqui e isto foi muito rápido… o vento estava muito forte”, recorda o presidente de Junta. Sem bombeiros por perto “cada um teve que acudir aquilo que era seu” e Tomé Esgueira não foi excepção. “Não pude ajudar ninguém pois tenho aqui a minha casa e tive que andar a molhar o telhado”, esclarece, uma vez que receava as faúlhas que pudessem entrar pelo telhado.
Valeu a ajuda de populares das redondezas que apareceram para dar uma ajuda. Com vários incêndios a deflagrar no concelho em simultâneo – segundo Manuel Mendes, comandante da corporação de Tomar, as chamas atravessaram as freguesias de Alviobeira, Casais, Olalhas, Serra e Junceira e consumiram 1000 hectares – os bombeiros só puderam acudir as gentes de Aboboreiras no final da tarde. “Antes de chegarem os bombeiros andou aí uma viatura dos serviços municipalizados de Tomar que deu uma grande ajuda”, contou ao nosso jornal Tomé Esgueira.
Este grande incêndio teve início nas curvas de Alviobeira, pouco depois da hora de almoço de sábado. Só foi considerado extinto às 07H00 de domingo. No local estiveram 96 bombeiros, 30 viaturas e pelo menos dois meios aéreos.

publicado no Jornal O Templário, edição 25 de Agosto

24 de agosto de 2005

Valor-Notícia: DRAMA


Terror na Portela de Nexebra - Alviobeira
“As chamas eram mais altas que a minha casa”

Pânico. É a palavra que melhor se adequa ao que sentiram os moradores da Portela de Nexebra, freguesia de Alviobeira, quando na passada quinta-feira, dia 4 de Agosto, viram as chamas lamberem as paredes das suas habitações.
“As chamas eram mais altas que a minha casa”, disse a “O Templário” a moradora do n.º 16 daquela localidade adiantando que chegou a temer o pior. “Só me lembro de pensar que ia ficar sem nada... só com a roupa do corpo”, contou ao nosso jornal preferindo manter o anonimato. “Não gosto de me expôr, já me bastam os nervos que apanhei com tudo isto”, justificou-se.
O incêndio começou por volta das 15H00 numa pequena curva à beira da Estrada Nacional 238 a poucos metros da sua casa. “Estava em casa a descansar quando vejo uns barrotes a arderem naquela curva”, explica apontando para o local. Segundo a moradora, foi um automobilista de ocasião que chamou os bombeiros ao local. “Eu estava tão nervosa que nem consegui ligar para os bombeiros do meu telemóvel”. Segundo esta testemunha, tudo aconteceu muito rápido. “Foi num ápice que o fogo chegou daquele lado até à minha casa”, explicou, enquanto mostrava os vidros das janelas que estalaram com o fogo. Para além dos bombeiros municipais de Tomar e Ferreira de Zêzere estiveram no local três helicópteros para ajudar no combate às chamas.

Galinhas morrem devido ao calor

Maior susto apanhou Francisco Augusto Rosa, 58 anos, que mora numa pequena casa no meio do pinhal, perto do local onde o fogo deflagrou. Segundo este morador 17 galinhas da sua criação morreram devido às altas temperaturas provocadas por este incêndio. “Não morreram queimadas mas morreram do calor”, esclarece à nossa reportagem. Francisco Rosa estava a trabalhar numa horta próxima com a mulher quando avistou dois incêndios. “Pensava que era do outro lado da estrada quando vi que era aqui vim logo a correr”, disse efusivamente. Pensou logo em salvar a sua motorizada, único meio de transporte que possui para se deslocar. Sem pensar duas vezes correu para perto de casa, agarrou na mota e levou-a para dentro de uma horta protegida por um muro para não arder. Foi bem sucedido. “Tive sorte em caber por este portão senão tinha ardido também”, revela mostrando o sítio onde a colocou. Apesar do esforço não consegui evitar que lhe ardessem 200 metros de mangueira e um motor de rega.
As chamas não deram descanso aos bombeiros. “Estavam aqui mais de 200 homens”, referiu Francisco Rosa realçando com o polegar direito que “os bombeiros são homens a 100 por cento”. Na opinião deste morador o fogo teve origem criminosa. O facto de ter começado a deflagrar junto à estrada também levanta a hipótese de ter sido provocado por uma beata de cigarro mas Francisco Rosa torce o nariz a esta teoria e diz que este “teve que ser posto por alguém”.
O incêndio teve início em Portela da Nexebra, na freguesia da Alviobeira e chegou a meio da tarde à aldeia de Ceras, passando pelo Touco e Pias e colocando algumas habitações em perigo.

De acordo com o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, no local estiveram 61 homens, 17 viaturas e três meios aéreos.
Segundo o comandante dos bombeiros de Tomar, arderam 86 hectares, estimativa que é considerada por baixo.

18 de agosto de 2005

Notícia de carácter local

Iluminações de Natal colocadas no próximo fim-de-semana
As tradicionais iluminações de Natal nas ruas da cidade vão começar a ser montadas a partir do próximo fim de semana, garantiu a “O Templário” Duarte Nascimento da Acitofeba.
Segundo este responsável a empresa adjudicada para efectuar a montarem das iluminações é a Som Ideal, uma empresa de Iluminação Ornamental e Decorativa de Castanheira de Pêra.
Tal como vem acontecendo desde há alguns anos a esta parte, o projecto é totalmente gerido entre a Acitofeba e a Câmara Municipal de Tomar, sem quaisquer encargos para os comerciantes. Segundo Duarte Nascimento, este ano vai voltar a ser iluminada a rua do Centro Republicano que, no ano passado, por causa das obras do novo estádio municipal apenas foi adornada com um arco no início da rua, facto que gerou alguma contestação por parte dos comerciantes daquela artéria. “O estádio já está concluído pelo que a rua vai ser adornada tal como as outras”, esclarece.

12 de agosto de 2005

Jornalismo Regional é...

Este surpreendente aviso no Jornal "A Comarca da Sertã... " de 12 de Agosto

"VAMOS DE FÉRIAS
Possibilitando umas curtas férias a quantos semanalmente fabricam este jornal, nos dias 19 e 26 de Agosto não se edita "A Comarca da Sertã". (...) Voltaremos ao convívio dos nossos estimados leitores no dia 2 de Setembro.

Redacção e Administração


Férias, são férias... mais nada!!!

Valor-Notícia: INCOMUM

“O Templário” visitou-a no Corujo, Madalena
"Ti Maria" é a mais idosa de Portugal

Fomos encontrar a Ti Maria sentada na marquise como faz todos os dias. “Antes ainda ia apanhar sol, para a porta, mas agora já lhe custa a andar”, explica a sua filha, Madalena de Jesus que, com 80 anos, todos os dias cuida da mãe. Ás vezes ainda vai ver o programa do Fernando Mendes (O Preço Certo em Euros), “o gordo como lhe chama”. Quando o faz, está sentada em frente à televisão até cerca das 20h30, altura em que janta. Em relação à ementa, o peixe é o alimento eleito da idosa embora também adore batatas fritas. “Ela quer jantar logo para ir para a cama também cedo mas depois quer levantar-se à noite e isso não pode ser porque eu também tenho que descansar”, explica Madalena de Jesus. Calada, a anciã ouve a conversa e a dada altura dispara curiosa: “Quem é esta menina?” ao que a filha, pacientemente, passa a explicar que “é do jornal”. Mas Maria de Jesus já está habituada à presença dos jornalistas. “Ainda na semana passada esteve cá o Correio da Manhã, a dar-me a notícia que a minha mãe era a mais idosa do país, mas eu já sabia pois um senhor de Lisboa já me tinha telefonado a contar”, explica. De vez em quando recebe também a visita de curiosos. “De tempos a tempos aparecem aqui para a ver e dizem-me sempre que está muito boa para a idade”, explica Madalena de Jesus.

11 netos, 16 bisnetos, 1 trineto

Maria de Jesus ainda tentou aprender a ler, o ano passado, mas “a cabeça” não permitiu realizar esse sonho. Ainda aprendeu as letras A e I mas depois começou a ficar cansada e resolveu-se parar com as aulas. “Ainda chegou a reconhecer algumas palavras mas agora já esqueceu tudo”, explica a filha.
Natural do Olival, Ourém, Maria de Jesus tem 111 anos mas não parece. A sesta depois do almoço é obrigatória e a saúde é avaliada todos os meses, tomando meio comprimido diário para controlar a tensão e outro comprimido semanal para os intestinos. E qual é o segredo para tamanha longevidade? Madalena de Jesus diz que “não sabe” uma vez que na família não se registaram casos semelhantes. “Tive um tio que morreu com 93 anos, irmão dela, que é o caso mais próximo”, contou a “O Templário”.Maria de Jesus, viúva desde 1951, tem 11 netos, 16 bisnetos e um trineto. No próximo mês, a 10 de Setembro, faz 112 anos. “Não é por ser minha mãe, mas tem muito bom aspecto, não acha?”, remata orgulhosa Madalena de Jesus

9 de agosto de 2005

Comunicado num Jornal Regional

Publicado no Jornal "Notícias de Fátima" de 29 de Julho de 2005:

COMUNICADO
"Comunica-se que o Sr. Carlos Correia Filipe (Carlos da Alda)
andou a fazer um peditório com o intuito de angariar fundos
para a reparação de uma cadeira electrica , alegando que o falecido
Zé da Farmácia a tinha danificado.
A cadeira foi-lhe devolvida à mais de 4 anos.
Esta, só esteve na posse do falecido Zé da Farmácia oito dias.
A própria cunhada do Carlos da Alda , que a guardou 4 anos,
confirma que a cadeira estava em boas condições.
A família vem por este meio informar que tal acusação é falsa."

Terras de Portugal (II)

Drama de ucraniano em Tomar

“Não quero esmolas, quero um emprego digno”


Chama-se Constantino Polizhay, tem 42 anos e é engenheiro civil.
A viver há 4 anos em Portugal, Constantino está, neste momento, desempregado e precisa de ganhar dinheiro para enviar aos dois filhos que tem na Ucrânia. Para piorar a situação, separou-se recentemente da actual mulher e, desde que saiu de casa, dorme onde calha, muitas vezes no carro, que entretanto pôs à venda.

“Não quero esmolas, quero um emprego digno”, começa por dizer Constantino. A sua dignidade é impressionante. A vida deste ucraniano sofreu um primeiro revés quando teve um acidente de trabalho na fábrica da Platex, em Setembro do ano passado. “Fui para a Platex onde trabalhava como chefe de turno”, começa por contar num português fluído. “No dia 28 de Novembro de 2004 ao puxar uma palete de platex senti uma dor na coluna e fiquei bastante mal”, explicou ao nosso jornal. Constantino foi operado no dia 9 de Fevereiro no Hospital da CUF em Lisboa e ficou de baixa médica. Apesar deste acidente, como vivia com a segunda mulher, num apartamento em Tomar, tinha apoio para aguentar a situação. No dia 5 de Maio sofre um segundo golpe: “Ligo ao meu filho na Ucrânia porque era o seu 19.º aniversário e ele dá-me a notícia que a sua mãe, minha primeira mulher, tinha desaparecido num tornado na Ucrânia”, conta emocionado. Os dois filhos, uma rapariga de 15 e um rapaz de 19 anos, ainda a estudar precisam de dinheiro uma vez que vivem em casa da avó, que sobrevive com 50 euros de reforma. Eis que nesta altura, surge o terceiro revés: “A minha segunda mulher chateia-se porque não aceita que ajude os meus filhos. Obrigou-me a escolher, escolhi os meus filhos”, conta ao mesmo tempo que encolhe os ombros.
Sem trabalho, sem saúde, sem casa, sem dinheiro para enviar para os filhos, a vida deste ucraniano é vivida com a esperança que apareça um emprego compatível com o seu problema de saúde. “Não tenho medo de trabalhar, apenas não posso fazer um trabalho com muito esforço físico por causa da coluna”, explica. E conta um episódio recente que prova isto mesmo: “No dia 7 de Junho vou a uma consulta porque a baixa estava a acabar e o médico diz que posso voltar ao trabalho mas não posso fazer esforços”. Constantino arranja então emprego numa obra mas como supervisor. A realidade é, no entanto, diferente: “Arranjo emprego na construção civil, dizem-me que é para supervisionar uma obra mas mandam-me carregar blocos de cimento”. Aguentou três dias. “Senti muitas dores na coluna, tive outra vez que ir para o hospital para ser observado” , explicou a “O Templário”. Não bastava os problemas de saúde, Constantino diz que não recebeu dinheiro nenhum desses três dias e que procurou esclarecer esta situação no Tribunal de Trabalho de Tomar. Outra vez a má sorte: “Fui ao Tribunal de Trabalho pedir ajuda e informam-me que estão de férias até Setembro”.
Apesar da sua delicada situação. Constantino Polizhay gosta de viver na cidade do Nabão. “Estou em Portugal há quatro anos e vim logo para Tomar. Gosto de aqui estar, tenho cá muitos amigos e acho que as pessoas são agradáveis.”
Aprendeu português sozinho com a ajuda de um dicionário. Ainda foi a uma escola de Línguas de Tomar perguntar o preço por uma lição de português mas ficou estupefacto com a resposta: “Pediram-me 20 euros por uma hora de lição... isso não ganho eu num dia de trabalho”, contou ainda indignado.
Durante os quatro anos que esteve em Portugal, o ucraniano trabalhou em vários sítios, “sempre com os papéis todos em ordem, a fazer descontos para a segurança social”, como faz questão de frisar. “Gosto de tudo correcto, dentro da lei”, afirma.
“Não queria sair de Tomar, gosto desta cidade e das pessoas”, conta. “Preciso de um emprego mas não pode ser pesado por causa dos problemas da coluna. Pode ser de jardineiro, supervisor, porteiro ou distribuidor... trabalho bem”, disse ao nosso jornal. E, no alto da sua dignidade, fez questão de pagar o café à repórter de “O Templário”.

2 de agosto de 2005

Jornalismo Regional é...

Esperar que o mês de Agosto (Silly Season) passe depressa...