4 de abril de 2007

Antonieta já tem um computador


É bom dar notícias destas :)

O sorriso de Antonieta abriu-se mais ainda desde que, no passado dia 29 de Março, recebeu um computador e equipamento informático perfeitamente adaptado às suas necessidades específicas. A jovem sente-se agora mais ligada ao mundo exterior.

Antonieta Monteiro, a jovem que sofre de esclerose múltipla, doença para a qual ainda não existe cura, e mora na povoação de Hortinha, na freguesia da Junceira, já tem instalado em casa o tão desejado computador com acesso à Internet. Um sonho concretizado com a ajuda da Associação Cultural, Desportiva e Recreativa da Serra que ficou a conhecer a história desta jovem através das páginas do nosso jornal (trabalho publicado a 29 de Novembro de 2006) e promoveu uma subscrição de fundos com vista à aquisição deste computador, perfeitamente estudado para ser adaptado às necessidades específicas da tomarense. Á onda de solidariedade aderiram, segundo Abel Oliveira, presidente da associação, muitos anónimos, leitores do jornal e emigrantes tomarenses.
“Fiquei tão entusiasmada no dia que vieram cá montar o computador que até fiquei com os músculos do pescoço paralisados”, começou por explicar ao nosso jornal no dia em que a voltamos a visitar em casa dos pais.
“Foi no dia 929 do meu “exílio” que veio cá a D. Lurdes e o Sr. Abel (da Associação Cultural da Serra) e o António (da empresa informática Mega PC) e eu fiquei ali, no canto do meu quarto, a ver a montagem do equipamento”, disse-nos. Nesse dia, uma quinta-feira, não teve oportunidade de mexer no computador porque o entusiasmo provocado pela oferta, e a conversa com as visitas, a cansou em demasiado. Mas no dia seguinte tratou logo de configurar o ecrãn de 21 polegadas ao seu gosto (definindo como fundo a fotografia de duas árvores) e de começar a adaptação à trackball (que substitui o rato) e que está a ser feita lentamente.
Antonieta tem agora muitos sonhos e projectos que quer concretizar. Um deles passa pela escrita e talvez pela publicação dessas crónicas num jornal, textos que pode escrever em casa e enviar através de e-mail, ferramentas que domina na perfeição, não tivesse ela formação superior em informática de gestão.


Texto integral publicado na edição n.º 954

Edição n.º 954

1 de abril de 2007

José Carlos Superstar


“Jesus Cristo Superstar” é o título de um filme que podia muito bem ser aplicado ao nosso entrevistado. José Carlos, calceteiro na câmara municipal de Tomar há 22 anos, deu nas vistas recentemente por ter caracterizado Cristo numa manifestação em Lisboa que juntou milhares de pessoas. Fê-lo porque considera que o actual primeiro-ministro agiu como “um judas”, traindo Portugal e os portugueses.

Cerca de 120 mil funcionários do sector público e privado concentraram-se em Lisboa, a 2 de Março último, numa mega-manifestação, contra o governo de José Sócrates, reclamando a mudança de políticas. No meio desse mar de gente, as televisões e objectivas dos fotógrafos captaram a imagem de um homem de vestes brancas, com uma coroa de espinhos na cabeça e que, qual Cristo, carregava uma cruz às costas. Esse homem é de Tomar e é calceteiro de profissão.

José Carlos Vieira nasceu há 43 anos na cidade da Beira, em Moçambique. Homem simples, mas de convicções fortes defende que os portugueses devem ser um povo mais unido e por isso participa, sempre que pode, em manifestações. “Pensei em fazer isto porque o tal como Judas traiu Cristo, José Sócrates foi um homem que conseguiu trair Portugal inteiro. Antes de estar no cargo que ocupa prometeu tudo e mais alguma coisa mas agora é o que se vê… a idade da reforma aos 65 anos, os congelamentos da progressão de carreira…”, explicou ao nosso jornal. E continua, apontando o que na sua opinião está a mal em Portugal. “São os centros de saúde a fechar… Como é que querem que um idoso, se não tiver meio de transporte, se desloque a 15 ou 20 km’s a um hospital?”, exclama. Casado e com dois filhos, a Educação, nomeadamente o preço das propinas, também o preocupa. “Alguém que ganhe pouco como é que consegue mandar um filho para a universidade? E mesmo assim não sei se vale a pena porque há muitos licenciados no desemprego”, aponta, adiantando aquilo que, na sua humilde opinião, poderia ser a solução: “Quanto mais aumentarem a idade da reforma mais desemprego vai existir. Como é um indivíduo com 60 ou 65 anos ainda pode ser produtivo ao país? Ponham malta nova a trabalhar que também precisam de emprego”, exclama.

Trabalho integral na edição n.º 952 d' O Templário

Edição n.º 953