1 de abril de 2007

José Carlos Superstar


“Jesus Cristo Superstar” é o título de um filme que podia muito bem ser aplicado ao nosso entrevistado. José Carlos, calceteiro na câmara municipal de Tomar há 22 anos, deu nas vistas recentemente por ter caracterizado Cristo numa manifestação em Lisboa que juntou milhares de pessoas. Fê-lo porque considera que o actual primeiro-ministro agiu como “um judas”, traindo Portugal e os portugueses.

Cerca de 120 mil funcionários do sector público e privado concentraram-se em Lisboa, a 2 de Março último, numa mega-manifestação, contra o governo de José Sócrates, reclamando a mudança de políticas. No meio desse mar de gente, as televisões e objectivas dos fotógrafos captaram a imagem de um homem de vestes brancas, com uma coroa de espinhos na cabeça e que, qual Cristo, carregava uma cruz às costas. Esse homem é de Tomar e é calceteiro de profissão.

José Carlos Vieira nasceu há 43 anos na cidade da Beira, em Moçambique. Homem simples, mas de convicções fortes defende que os portugueses devem ser um povo mais unido e por isso participa, sempre que pode, em manifestações. “Pensei em fazer isto porque o tal como Judas traiu Cristo, José Sócrates foi um homem que conseguiu trair Portugal inteiro. Antes de estar no cargo que ocupa prometeu tudo e mais alguma coisa mas agora é o que se vê… a idade da reforma aos 65 anos, os congelamentos da progressão de carreira…”, explicou ao nosso jornal. E continua, apontando o que na sua opinião está a mal em Portugal. “São os centros de saúde a fechar… Como é que querem que um idoso, se não tiver meio de transporte, se desloque a 15 ou 20 km’s a um hospital?”, exclama. Casado e com dois filhos, a Educação, nomeadamente o preço das propinas, também o preocupa. “Alguém que ganhe pouco como é que consegue mandar um filho para a universidade? E mesmo assim não sei se vale a pena porque há muitos licenciados no desemprego”, aponta, adiantando aquilo que, na sua humilde opinião, poderia ser a solução: “Quanto mais aumentarem a idade da reforma mais desemprego vai existir. Como é um indivíduo com 60 ou 65 anos ainda pode ser produtivo ao país? Ponham malta nova a trabalhar que também precisam de emprego”, exclama.

Trabalho integral na edição n.º 952 d' O Templário

Sem comentários: