30 de janeiro de 2007

O último morador da Praça da República

É natural de Torres Novas um dos últimos moradores da Praça da República de Tomar. Sebastião José Maurício Brites Nobre, 57 anos, usufrui desde há 12 anos de uma vista privilegiada para Gualdim Pais. “Se um dia mudar há-de ser para uma casa ao pé do rio”, confessou o arquitecto ao nosso jornal.

O Templário – Há quanto tempo vive na Praça da República?
Sebastião Nobre – Moro há 12 anos.

É o único morador da praça?
Não, penso que tenho uma vizinha aqui no último piso de um andar ao lado do café Pepe e, por vezes, passa por aqui a viúva do Puga da ourivesaria. Á excepção do Gualdim Pais, são as únicas pessoas que penso que ainda têm uma relação com a praça.

E como é que é viver num local como a Praça da República?
“Viver na Praça tem graça”, como dizia o Lopes-Graça. As praças foram, durante o período do urbanismo, um sítio central do próprio poder. Tomar era uma cidade pequena e média burguesa pelo que todas as pessoas das chamadas “boas famílias” habitavam na Praça ou na chamada corredoura. É, por exemplo, o caso dos Tamagnini ou os Silva Magalhães. Também todo o comércio se desenvolvia dentro deste local central. Até que depois do 25 de Abril de 74 entrou em quebra…

E a que se dá esta quebra do comércio na praças?
Tem a ver com a própria economia e desenvolvimento. Os grandes centros antigos (e de todas as cidades, como Lisboa) estão actualmente desertos. Isto também tem a ver com outra questão que é o direito da propriedade. As pessoas têm grandes casas e muitos filhos que, entretanto, foram viver para outros sítios pelo que estas casas ficaram indevisas, ou seja, é a casa de todos mas ninguém habita nelas. Famílias tomarenses que desapareceram e os herdeiros foram viver para outros sítios. Enquanto houver um filho ou outro que queira habitar estas casas consegue-se manter gente a viver nas praças mas, caso contrário, não.

E estamos a falar de edifícios muito antigos…
Todos os edifícios que aqui estão, ou a maior parte, têm raízes no século XIX sendo que alguns entram no chamado período do século XX, onde se efectuaram alterações às construções. Mas a generalidade é do século XIX, tirando a igreja e a câmara municipal, ou seja, os edifícios nobres. Nessa altura, todas as coisas se passaram à volta do local central

Ler entrevista completa na edição n.º 941

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