O Templário – Há quanto tempo vive na Praça da República?
Sebastião Nobre – Moro há 12 anos.
É o único morador da praça?
Não, penso que tenho uma vizinha aqui no último piso de um andar ao lado do café Pepe e, por vezes, passa por aqui a viúva do Puga da ourivesaria. Á excepção do Gualdim Pais, são as únicas pessoas que penso que ainda têm uma relação com a praça.
E como é que é viver num local como a Praça da República?
“Viver na Praça tem graça”, como dizia o Lopes-Graça. As praças foram, durante o período do urbanismo, um sítio central do próprio poder. Tomar era uma cidade pequena e média burguesa pelo que todas as pessoas das chamadas “boas famílias” habitavam na Praça ou na chamada corredoura. É, por exemplo, o caso dos Tamagnini ou os Silva Magalhães. Também todo o comércio se desenvolvia dentro deste local central. Até que depois do 25 de Abril de 74 entrou em quebra…
E a que se dá esta quebra do comércio na praças?
Tem a ver com a própria economia e desenvolvimento. Os grandes centros antigos (e de todas as cidades, como Lisboa) estão actualmente desertos. Isto também tem a ver com outra questão que é o direito da propriedade. As pessoas têm grandes casas e muitos filhos que, entretanto, foram viver para outros sítios pelo que estas casas ficaram indevisas, ou seja, é a casa de todos mas ninguém habita nelas. Famílias tomarenses que desapareceram e os herdeiros foram viver para outros sítios. Enquanto houver um filho ou outro que queira habitar estas casas consegue-se manter gente a viver nas praças mas, caso contrário, não.
E estamos a falar de edifícios muito antigos…
Todos os edifícios que aqui estão, ou a maior parte, têm raízes no século XIX sendo que alguns entram no chamado período do século XX, onde se efectuaram alterações às construções. Mas a generalidade é do século XIX, tirando a igreja e a câmara municipal, ou seja, os edifícios nobres. Nessa altura, todas as coisas se passaram à volta do local central
Ler entrevista completa na edição n.º 941
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