3 de maio de 2006

Cobertura de Tragédias

Penso que não seja fácil para nenhum profissional fazer a cobertura de uma tragédia como aquela que aconteceu na última quinta-feira numa fábrica aqui em Tomar e que acabou por vitimar mortalemente um dos envolvidos. Uma notícia que trespassou para os jornais nacionais mas que, para eles, se esfumou nesse mesmo dia.
Um jornal regional - neste caso em concreto - tem que ir além das questões técnicas do acidente - como, quando e porquê se deu - uma vez que o leitor espera saber mais.... Um trabalho delicado em que tentamos encontrar um equilíbrio entre o que o leitor espera ler e a nossa consciência (até onde podemos ir, quais são os limites para tratar este caso , sem ferir suceptibilidades?) .

1 comentário:

Carlos Pereira disse...

São os ossos do ofício, felizmente nunca tive de escrever sobre tragédias desse tipo. Já escrevi sobre agressões físicas que "alegadamente" uns elementos da PSP dos arredores de Lx impuseram as duas pessoas.

Não me preocupei com o que o leitor queria ler, mas acima de tudo com os factos ocorridos e com a minha consciência. Para mim, nestes casos, o leitor só irá ler aquilo que eu achar que é o limite do aceitável.

Não sendo o caso do Templário, há por aí muitas publicações que oferecem mais ao leitor do que aquilo que ele pede. E é esse limite que temos de impor, chamamos a isso na faculdade: educar o leitor.

Só assim ganhamos a confiança de quem nos lê. E é dos leitores fiéis que um jornal precisa para viver. Aqueles que só compram o jornal "quando pinga sangue", embora merecendo o nosso respeito enquanto jornalistas, pouco interessam porque só o compram uma vez por ano.

Como sabes essas dúvidas são boas, porque fazem-nos pensar sobre o que vai ficar no papel, onde não queremos ferir sentimentos de quem nos lê.